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domingo, 26 de junho de 2011

Só de sacanagem!

Só de Sacanagem

Ana Carolina

Composição: Elisa Lucinda

“Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração tá no escuro.
A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
" - Não roubarás!"
" - Devolva o lápis do coleguinha!"
" - Esse apontador não é seu, minha filha!"
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem!
Dirão:
" - Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba."
E eu vou dizer:
"- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."
Dirão:
" - É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal".
E eu direi:
" - Não admito! Minha esperança é imortal!"
E eu repito, ouviram?
IMORTAL!!!
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.”

sábado, 4 de junho de 2011

Geografia da linguagem ponta - grossense

A Geografia da linguagem ponta – grossense:

Em 2010, o médico obstetra Dr. Alberto Olavo de Carvalho lançou o livro “ Caipiranaense – o dialeto paranaense” no qual estão ilustrados mais de mil verbetes falados tipicamente no Paraná; história e o significado dos verbetes estão contados em diversos micro-contos.
Realmente o dialeto paranaense é bastante particular e nem sempre compreendido por quem vem de outros estados. Até mesmo dentro do Paraná existem diversidades em expressões e sotaques. Falando em sotaques característicos, quem não é da cidade de Ponta Grossa muitas vezes estranha certas expressões utilizadas tipicamente por aqui.
Em 2009 o Professor Hein Leonard Bowles do Departamento de Línguas Estrangeiras da Universidade Estadual de Ponta Grossa lançou o livro “Jacu rabudo – a linguagem coloquial em Ponta Grossa” (http://www.camposgeraisemais.com.br/2009/12/14/livro-jacu-rabudo-retrata-sotaque-ponta-grossense/) ressaltando essas peculiaridades da linguagem princesina. Em “Jacu rabudo”, o autor procura caracterizar o sotaque de Ponta Grossa, por meio de expressões coloquiais que fazem parte do cotidiano.
Eis algumas expressões comumente usadas em nossa cidade

"Loco de baum" (quando algo é ‘excelente’);
“Que paia" (Que chatisse, que coisa ruim);
-"Bem capaiz loco véio...." ou “da onde rapaiz!” (expressão de admiração);
"Ade... capaiz !?!" (se alguém conta alguma coisa que você desconfia);
"Carcule, loco do céu..." (no lugar de: "imagine!");
"Fiz uma gambiarra"; "um xunxo"; "um xaxixo" (quando algo sai mal feito);
"Tira o zóio " (quando alguém começa admirar muito algo);
Palavrões clássicos: lazarento, fiá da mãe, fiá da pulícia, caipóra, animár véio, animár de teta, jacú, rabudo,e por aí vai!
"To que é a capa da gaita "  ou "ando meio esgualepado" (quando se está cansado);
"O que é que tá se abrindo?" (dando risada a toa);
"O tongo!!!!" (pessoa sem noção, abobada, que não compreende algo);
"Virado no guedes" (até hoje não entendi isso);
" Uuu Gaucho veio!"( só cumprimentar assim qualquer “tiozão” que eles respondem com aceno de mão bem soridentes...);
Falar "puiz óia, eu..." (Quando quer falar alguma coisa);
"Piorrr que é memo" (ato de confirmar algo);
”Fuja loco” (pessoa sem noção do que está se referindo e ninguém agüenta mais o chato);
”Mas é loco de jaguara..” (pessoa desocupada ou folgada demais);
“Crêendios pai” (exclamação quando algo dá errado);
Japona” (jaqueta de nylon);
“Relampiando” (relâmpagos);
“Vortiada” (dar um passeio, uma volta pelo bairro/cidade);
“Tunda de laço” ou “dar uma coça” (surrar alguém).